Ficas mais um bocadinho?

E ele ficou. Sentou-se do seu lado, apertando-lhe a mão como se o mundo fosse terminar ali, - mal sabia ele que lhe estava a dar o seu inicio. Ficou. Com as pernas a tremer, ela não sabia os passos que dava sem se mexer, o sorriso esboçado por dentro "mostro, ou não", pensava, enquanto o amava, com os joelhos entrelaçados, fixando o seu corpo ao dele, indo ficando, ao mesmo passo que ficavam os dois. 
Dançavam ambos a mesma melodia, como se a tivessem escrito ao mesmo segundo, ou se por momentos a escolhessem no mesmo compasso. Cruzaram-se os olhares no tempo certo, o amor veio depois. Mas veio a tempo. 
Ela abanava o mundo enquanto ele o parava. Ela trovão, ele raio de sol. Faziam-se o par um do outro, sendo-o. Eram a conta certa. Encontravam-se no mesmo sítio, à mesma hora, todos os dias. No "sítio do costume", diziam eles. Independentemente da terra que pisassem, para eles bastavam estarem. E conjugavam assim o verbo estar em qualquer lugar. Bastava serem. Ela e ele, com as mãos como se coladas, mostrando a força com que queriam estar, e ficar. E ficaram. 
E ficam, e continuam ficando, no tempo que é hoje e que querem que seja amanhã. No amor que apareceu, e que se fez a fortaleza de ambos. 
Ficas mais um bocadinho? A vida não tarda a passar. 

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