Um desabafo.
Continuo a escrever para ti como se ainda aqui estivesses. Preencho continuamente as linhas que me deixaste, como se ainda me amasses num longo abraço. Só queria poder tocar-te e sentir a tua pele junto da minha, sentir as tuas saudades do meu corpo. Sentir os teus dedos entrelaçados nos meus, a minha mão livre passeando nas ondas do teu cabelo e os meus lábios te calando com um beijo por cada momento em que senti a tua falta. A tua voz entoa na minha cabeça, sinto-te em cada madrugada, tão longe e tão perto. Poderia dizer-te qualquer coisa que te fizesse acordar dessa teimosia e orgulho. Poderia tentar puxar-te mais uma vez para mim, mostrar-te a minha vontade em querer-te aqui. Mas não posso. Desta vez, espero-te aqui. Não quero que esperes por mim, eu não vou voltar a correr por ti. Comecei por pé ante pé, seguida de passadas longas, até que corri. Corri e cansei-me. Deixando lágrimas pelo caminho para o saber de volta. Deixaste-me com linhas em branco, onde eu tinha tantos planos e tantos sonhos para elas. Para nós. Quiseste ir. Sem quês nem porquês. E não te quero assim mais dia nenhum. A minha cama, o meu corpo, as minhas mãos e os meus lábios. Eu! Eu sinto a tua falta. Não pensei que me fosse doer tanto esta ferida aberta por ti. Esta ausência. Esta mão vazia. Não pensei e achei que por não pensar fosse fácil. Deito-me na almofada contigo na mente, de coração apertado. Espero por ti, amor.Continuo a escrever para ti como se ainda encostasses a tua boca no meu ouvido e me sussurrasses uma ou duas coisas queridas. És um filho da mãe. E como é que sendo assim conseguiste caçar-me desta forma? Foste cruel. És um filho da mãe sábio. Tens amor no coração. Tens um brilho nos olhos que só vê quem quer. Tens mãos frias e corpo quente. Tens o orgulho na garganta e a teimosia no rosto. Passo dia sim dia sim a questionar-me sobre o porquê de ainda não me teres dito nada, nem um “hoje está um dia bonito” ou “tenho saudades tuas”. Faz-me sentir lembrada por ti.Continuo a escrever para ti. Linhas perdidas e traçadas como se o destino fosses tu e eu. Quero-te. Não podia ser mais directa, porque te quero. Eu quero-te. Não adianta negar ou tentar empurrar-te para fora de mim, quando é em mim que é o teu lugar. Tens um feitio horrível, de cortar à faca. E tem dias que só me apetece espancar-te, meter-te à força na cabeça que os teus pés são para andar ao lado dos meus. Só.Continuo a escrever para ti, à espera que voltes. Tenho saudades tuas. Muitas. Tantas que nem sei. Não cabe no peito a vontade que tenho de te agarrar. Quero aqueles cinco minutos em que te quase grito dizendo “Não me voltes a fazer isto!”. O teu riso maroto tem saudades do meu riso tímido. Admite, safado. Tenho saudades tuas. Saudades nossas.
Estou farta de noites mal dormidas, quando é que voltas?
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