Amor de tabuleiro.

Ar entalado nos pulmões à espera daquele orgasmo à tua moda. Lábios cerrados a aguardar aquele segundo em que os agarras com a força e o prazer que só tu tens. Mãos frias e braços gélidos na esperança de que os teus os aqueçam e arrepiem ao mesmo tempo. Pernas a tremer, anca a balançar, barriga a esfriar, e o relógio começa a fazer aquele tic tac infernal, e eu já não o suporto. Não suporto! Talvez seja fraca, ou talvez seja este barulho na minha cabeça, o silêncio nestas quatro paredes, que me enfraquecem. E desfalecem, tira-me a pressa, acalma-me essa alma que não aguento, e traz-me amor. Traz-me uma mão cheia, um corpo cheio, traz-me, mas traz-me cheio. Não quero metades ou quase nada de qualquer coisa, muito menos de amor. Quero-te cheio, a abarrotar. E perguntas tu que linguagem é esta que te atiro. Mas qual o espanto? Eu estou carregada de saudades tuas, e se estou tão cheia de amor e saudade, por que haveria eu de aceitar algo que não venha a abarrotar? Por que motivo haveria eu de querer amor pela metade, saudade na dúvida, ou desejo com medo? Recuso-me a aceitar. No entanto, aceito-te de que maneira for. Roto, esfarrapado, todo bonito ou nada jeitoso, a cheirar bem ou a cheirar a esgoto, de cabelo em pé ou de que maneira e feitio for, eu aceito-te. Não aceito a tua ida, e por isso a quero mudar. Mudar para uma volta. Voltar é sempre tão bom. O regressar, o peito a rebentar de vontade de agarrar de novo, o brilho no olhar do voltar a ver, os braços a tremer de voltar a tocar. Voltar. Volta. Regressa. O tempo é escasso, e o mais engraçado, é o quanto ele pára quando falam em ti, ou o quanto ele corre quando me lembro das tuas pegadas no chão do quarto, o barulho dos teus pés a caminhar, o som da tua gargalhada, o ar maroto do sorriso ou o segredo por de trás de cada olhar. És um mistério que me apaixona. És um homem fabuloso! Cheio de defeitos e merdas, mas continuas fabuloso. Levanta esse cu - que diga-se de passagem é um bom cu - da cadeira e vem. Mexe essas pernas até mim. O teu coração voa e sem dares conta já bate bem perto e tão de perto do meu. Sinto-o. Mas quero de verdade sentir-te. Mostra-te. Perde essa porra de orgulho que só te prende na distância e na ausência de mim. Perde o medo. Perde o orgulho. Perde, mas não me percas a mim. Ganha o tempo que passa a correr. 

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