Apaixonei-me por um tolo.

"Conhece-me." Dizias tu em tom baixo e ao mesmo a querer elevá-lo, como se não tivesses medo e ao mesmo tempo todo o medo do mundo. Ouvi, escutei. Ouvi-te. Escutei-te. Comecei a conhecer-te. Sem dares conta já conhecia mais de ti do que tu próprio. Esse teu olhar fixo noutro lado que não nos meus olhos quando assunto te incomoda, ou essa tua capa que todos os dias te agrada vestir só para não teres que mostrar a parte fraca que faz de ti o que és. Parte fraca não no sentido de seres fraco, porque livre-me Deus algum dia dizer que o és, porque de todo não é verdade, e ainda mais verdade é dizer que és tão ou mais forte que as coisas fortes, e tão mais forte que eu e invejo tanto isso. Invejo esse teu ar durão, de ninguém-me-magoa-mas-eu-magoo-toda-a-gente. Pois. Esfrego a cara e coço a cabeça, ainda falta tanto para conhecer-te, e ainda falta tudo para saber quem és. Esse teu mistério consome todas as esperanças que eu tinha de algum dia vir a descodificar-te, a saber-te de cor. És um segredo apaixonante. Não há como tu. Não existe ninguém como tu. E se houver que se mostre, quero vê-lo. Esse teu ar de safado e que ao mesmo tempo de safado nada tem. O teu olhar esconde mais do que tu próprio consegues esconder. Armada em gente grande não desisti de tentar saber o que trazes em ti que não me deixas ver. Armada em teu amor, fui à descoberta do que tens para me dar. E só Deus sabe o quanto grande é esse coração, o quão apaixonado tu és pelas coisas e o quão ao mesmo tempo não amas e nem queres amar. Descobri o mundo em ti. Apaixonei-me por esses segredos, por esses medos que são tantos, por essas friezas, por esse coração que sabe tão bem ser um merdas, como sabe ainda melhor ser aquele que eu preciso. E tu precisas também. Pois. Conhecer-te é a base e o mistério. Conhecer-te é como subir montanhas, correr a maratona, ter sede e não ter como matá-la. Conhecer-te é o bicho dos bichos, mas se queres que te diga, não me canso. Nunca me cansei de te conhecer, e cada dia só queria mais. Até mesmo no dia em que quiseste ir, eu não me cansei de querer-te mais. De querer saber-te mais. E ainda hoje, quero saber mais desse teu eu que tão longe quer estar e tão perto o sinto.
Conhecer-te. Pediste-me tu na esperança de que não o quisesse fazer.

És tão tolinho.

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