Imagina-me e não me esqueças.

Imagina o meu corpo colado ao teu. Não, espera, não digas nada. Imagina. O meu corpo está perante o teu numa nudez criada por ti. A tua mão vai-se apoderando de cada poro meu, de cada pedaço. A minha pele começa a ficar arrepiada, sinto as pernas a tremer, o teu corpo vai-me dominando sem eu dar por isso, e quando dou conta já perdi noção do avanço que já me deste. Ainda estás a imaginar? Não pares. Agora aproxima os teus lábios, devagar, pois devagar se vai ao longe mesmo eu agora te querendo tão perto quanto mais perto o conseguires. Começo a sentir os teus lábios nos meus, mas a pressa armada em mandona não deixou que a lentidão dos teus continuasse. Ainda antes de o esperares, já os meus lábios te beijam, e não param. Saudade. Tanta saudade. Mas não pares, continua a imaginar. Agora é a minha vez. A minha mão no teu corpo, vai tocando e conhecendo, como quem toca pela primeira vez o desconhecido. Finjo não conhecer a tua pele, os teus sinais, os teus cantos e recantos e percorro cada centímetro desse destino que só não é pecado aos olhos de quem não o vê. Corpo com corpo, falam como ninguém. O chão dá lugar às palavras de cada um, e a tua mão não me larga, os teus lábios colaram em mim, e ainda eu não estou em mim, e já tu estás como ninguém. Sim, estás em mim. Na roupa que não tenho, na pele que me veste, nos dedos que te tocam, nas mãos com que te agarro. Estás em mim, e mentiria se dissesse que não estás em tudo quanto os meus pés pisam, em tudo que meu corpo vive. Continua a imaginar. Não percas o ritmo. Não falhaste o meu ouvido, assim como bem antes de dares conta já eu tinha conhecido o teu. Contei-lhe o segredo do amor que carrego por ti, e antes que me deixasses acabar, mostraste-me o amor que trazes em ti. Perdi-me de amores, sem querer. E sem querer fui querendo mais. E continuo a querer mais. E o mais todos os dias é pouco para o que te quero amanhã. O meu corpo não quer largar o teu. O teu corpo não quer largar o meu. Entendem-se melhor que a vírgula e o ponto final, e num parágrafo sem fim continuam o que começaram: a paixão do querer morrer de amores e não querer viver sem este luto apaixonante. Estou quente. Estamos. E aproveitando esse quente em segredo, não largo o que não largas, ninguém arranca pé e ficamos ali, sem parar de amar. Amando o que somos. Amando o que os nossos corpos criaram.

Continua a imaginar, se conseguires parar, diz-me como o fizeste. Eu não consigo.

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