Avançar para o conteúdo principal
Lembra-te de mim.
Mentiria se dissesse que te esqueci, e ainda mais mentira seria se dissesse que quero esquecer. Impossível tirar da cabeça, o que não sai do coração, não é o que dizem? Pois. E dizem com razão. Toda a razão do mundo numa frase e eu sem nenhuma. Em nada ponho o certo, e em tudo saiu errada. Até no amor. No amor por mim ou no amor que ganhei por ti. Se até então achava errado gostar mais de ti do que devia, agora acho certo gostar tanto de ti sem pensar se devo. Porque no amor não existe esse dever de amar ou não, simplesmente gosta-se, apenas se ama. Não sei se é certo dizer que me apaixonei, ou se errado dizer que não, mas nada é tão verdadeiro como aquilo que ganhei por ti. Posso ter perdido, e se perdi, mas o que ganhei... Meu deus, o que ganhei! A começar pelas doces memórias e a acabar no grande carinho e ternura que foi ficando e fazendo de mim alguém cheia de ti. No entanto, embora adore este ganhar de coisas boas, há algo que me dói e consome o pouco sorriso que ainda existe, todos os dias. Esta perda, este sentimento de não ter, de não esquecer e continuar a lembrar. De te continuar a lembrar. E agora sim, não devia. Agora sim aplica-se o termo do dever, do não dever, do certo e do errado. E é tão errado pensar em ti sem saber se pensas em mim. Tão errado gostar de ti, gostar de tudo o que em mim deixaste, e gostar ainda mais do que deixaste pelas paredes do meu quarto ou pelas ruas por onde os nossos pés andaram, tão errado tudo sem saber se ainda sou tudo ou se já sou nada. No fundo sei que nada sou. Mas no fundo quero tudo ser. Estranho, não é? Não. Não é. Estranho seria se estranho o fosse. A minha cabeça está estranha, uma confusão tremenda. Não percebo onde quero chegar desta forma. Só sei que a verdade de tudo está apenas em mim. No que carrego, no que não sabes, e no que não te conto.
Mentiria se dissesse que te esqueci.
Mentiria mais ainda se dissesse que não quero que te lembres de mim.
Comentários
Enviar um comentário