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Nunca és tu.
O telemóvel vibrou e com ele foi atrás o meu coração. Toda eu parecia ter energia própria, tremia como se cá dentro estivessem graus negativos. Não sabia quem estava do outro lado, e na esperança de que fosses tu, continuei a tremer, o coração a saltar que nem um louco. E louco tão louco, pego no telemóvel e vejo se és tu com saudades minhas ou se é alguém só a querer chatear-me. E verdade seja dita, até ler outro nome que não o teu, achei mesmo que serias tu a pessoa por trás daquela mensagem. Não eras. Nunca és. O telemóvel vibra, o telefone toca e a campainha faz aquele barulho infernal, mas nunca és tu. Pergunto-me quanto tempo mais vai demorar até essa pedra de gelo derreter, e a saudade começar a entrar e a ocupar o lugar desse orgulho tão feio. Começo a ficar sem força, a perder a vontade, a cansar-me e a sentir-me habituada a este eu criado por ti. Perdi o teu bom dia e o teu dorme bem, perdi o carinho durante a tarde e a preocupação a meio da manhã. E assim já tenho um historial de noites mal dormidas, maus humores matinais, discussões sem motivo e dias para esquecer sem razão aparente.
Esse teu cabelo despenteado, essa mão a passar na cara quando começas a ficar envergonhado, o olhar a desviar-se, os lábios a formarem essa curva de orelha a orelha... Nunca apareces na minha porta e todos os dias eu a abro a pensar em ti. Espero e começo a desesperar. A cadeira começa a ficar desconfortável, não tenho mais posição para estar, as mãos começam a ficar frias e as pernas dormentes, pouco a pouco deixo de sentir os pés, a espera está a ser longa e começa a fazer-se sentir no corpo. Estou cheia de pedaços teus, e em cada dia que tento largar um, ganho sempre mais dois.
Ou não fosse eu mulher e não tivesse uma memória tramada.
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