Se quiseres, volta.

Volta. Se te pedir, tu voltas? Mente-me. Diz que sim. Faz-me feliz um minuto, eu já nem peço vinte e quatro horas. Isso é muito para o pouco que queres dar. Isto é, se queres dar realmente alguma coisa.  
Volta. Volta, se quiseres. Apaixonei-me? Apaixonei. Quero que voltes? Que me cortem os pulsos se não é isso que mais quero. Se sofro? Se choro? Se, se e se. Meu deus, fodam-se os se's. Faz o que quiseres. Foda-se o amor, foda-se esse medo de te perder mais do que já perdi, foda-se esta conversa e paleio decorado. Tomara que o meu coração soubesse outra história que não a tua, outra que não a nossa. Outra, caramba! É como se me esfaqueassem o corpo de cada vez que me lembro de ti. Imagina o quão morta já estou. Esfaqueada de cada vez que me lembro de ti, se houvesse aquela vez que me esqueço. 
Dói. E quem me dera ter mais dedos para contar as vezes que já disse que dói. Que corrói. Que me destrói. Que me perco de mim, que começo a cair, que não me levanto porque quero, mas por que me puxam. Porque o chão não é a cama de quem é forte, mas a cova dos fracos. Não me deixam cair, não me deixam nem se quer ajoelhar. Sinto-me a cair, e ao mesmo tempo sinto que me puxam, que me seguram. E tu, sentes? Sentes que te seguram em todas as vezes que te assombrei a memória e sentiste o chão a fugir-te dos pés? Sentes aquela força que precisas e perdes de cada vez que o coração te falha porque não tens a minha mão para o acelerar? Sentes. Se sentes. Queira Deus que sintas. E que me sintas. Que te lembres de mim, que cuides de ti, mesmo que no fundo queiras que outras mãos te cuidem. A vida é tua, cuida dela. Volta. Mas volta se quiseres. E voltamos aos se's. Pois no amor não podendo existir essa arma do veneno, é aquela que fica sempre presente naqueles que insistem em andar à defesa, em vez de começarem a jogar ao ataque. No amor só vence quem assim é. Quem luta, quem vai e pega sem medo, quem arrisca e risca, sem deixar ninguém mais riscar. Eu perdi, se calhar não lutei. Ou então, lutei, mas não foi suficiente, ou espera, talvez não me tenham deixado lutar mais, ou espera espera, se calhar até deixaram mas não quiseram mais assistir a essa luta e então fazem de mim perdedora. Sou? Digo e repito. Nunca. Sou mulher. Sou guerreira, mesmo andando de armas às costas e chapa de ferro no peito, mesmo andando com a faca na mão e amor no coração, sou guerreira porque vou, confiando ou desconfiando, tentando ou deixando que tentem, não sou, nem que o digas, nem que o digam, nem que caia o mundo a dizer e a tentar mostrar, não sou perdedora. Sabes o que sou, mulher que ama. Que ama esse teu ser, que mal ou bem, o acha ideal. Lembras-te da mulher ideal para ti? Não a esqueças. Não me esqueças.

Lembra-te de mim, homem. Se quiseres.

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