Se tens medo, larga-o. Larga esse receio e esses medos, larga-o e agarra-me. Ocupa esses braços comigo, com o meu corpo. Prende as tuas mãos nas minhas e não as soltes. Nem que o medo te assombre, nem que existam vozes ferozes a ecoarem na tua cabeça, não me largues. Se tens medo, deixa de ter. Não tenhas. E se em algum momento esse medo de atormentar de novo, agarra-me com força e beija-me. Diz adeus ao medo mesmo que ele te diga olá todos os dias. E vais ver que aos poucos ele vai, vai ficando, ficando bem longe de ti. De nós. Se tens medo, por favor deita-o para trás das coisas. Esquece-o e lembra-te de mim. Vem, vem que é tempo, não é tarde nem é cedo. Vem, sem medo. Agarra-me, com força, com garra, com saudade. Agarra-me com amor e vem, fica. Vem ficar aqui, há espaço e tempo e ainda sobra para ficares mais um pouco. Vem sem esses medos e receios. Vem com ansiedade, com amor, vem a saltar ou a correr, mas vem. Vem matar a angústia no meu peito e a saudade no meu corpo. Vem beijar os meus lábios que eles não se calam desde que os deixaste. Se tens medo, diz-me por que o tens e larga-o logo a seguir. Eu preciso que deites fora essas pedras, esses monstros na tua cabeça. Percebe-me. Vem perceber-me. Entender-me. Vem descomplicar o que eu complico, vem tornar fácil os dias sem sol. Vem fazer-me feliz. Vem ser feliz. Vem que não é tarde, vem que ainda é tempo e ainda existe tanto tempo... Vem. Agarra-me as pernas, os braços, as mãos, não me deixes escapar. Não me deixes nas mãos do destino, quando aquilo que o meu corpo quer e pede é ficar entre as tuas mãos, entre o teu corpo e esse teu amor em segredo. Não me esqueças. Parece assombroso pedir isto a alguém, mas de que outra forma o poderia pedir? Dizendo meia dúzia de palavras queridas e bonitas, umas merdas quaisquer, para depois não perceberes patavina do que digo? Não. E digo não de boca cheia, porque não preciso disso. Não preciso de te mandar um saco cheio de frases feitas e todas bonitas, para me entenderes. Entendes as minhas vontades, como sempre as entendeste, como sempre as tuas foram as mesmas. Partilhamos mais do que julgas, mais do que guardas, mais do que ignoras. Vem. Se tens medo, vem com ele mesmo, a gente trata de o arrumar depois, mas vem. Vem. Vem, vem e vem. Vem ficar. Vem ser. Vem agarrar, pegar, não largar. Vem amar.
Se tens medo, larga-o, solta-o, arrisca. Vem correr o risco de amar, que é tão bonito de se arriscar e tão bom de se partilhar.
Vem.
Lembra-te de mim, S.
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