Em que tempo estou? Eu não sei.
O tempo divide-se em passado,
presente e futuro. A gente escolhe aquele que quer viver e aquele na qual quer
ficar. Escolhi, quase obrigada, viver o passado no presente, ficando no futuro
que não existe e não sei se num dia qualquer por aí, nessa vida que a gente
sabe que é tramada, vai existir. Deixei-me levar nas memórias, à velocidade que
elas escolheram, e nelas vou ficando e me fantasio noutras que não existiram,
por medo ou por falta de oportunidade. Vieste baralhar-me as ideias e neste
momento presa a ti é que vivo cada dia que passa e que passo a tentar
ultrapassa-los sem te ter. É confuso, não é? Como é que alguém pela qual
explode um coração de amores, se prende assim a um tempo que existiu e a outro
que ainda nem se quer se criou, agarrando-se aos nossos pés e pernas,
proibindo-nos assim de viver o tempo que temos agora, que é exatamente, o
agora? A verdade é que a vida é tão tramada que nos lixa de uma maneira bem
lixada. E tão bem nos lixa que demoramos séculos até sair das embrulhadas em
que ela nos mete. Enfia-nos num buraco, ou então tira-nos de um para nos enfiar
nas nuvens até acontecer uma coisa qualquer que nos mete no chão. A vida é
assim, ora estás em cima, ora estás em baixo. Paixão no coração e diga-se a
verdade, está tudo fodido. Paixão, amor, tudo o que tenha corações e coisinhas
vermelhas, é sinal de que estás tramada a vida toda. Ora porque amas e estás
feliz, ora porque amas e estás triste, ora porque amas e não te amam, ora
porque te amam e tu não amas ninguém. Ora porque simplesmente te apaixonaste e
ponto. Vais vivendo não sabes bem como, vais cometendo loucuras que nunca
imaginaste cometer e perdes-te da realidade. Ao fim ao cabo, em que tempo
estás? Não sabes. Se souberes, mentes. Ou então sou eu a única louca que se
perdeu do tempo porque se apaixonou, e neste momento vive num tempo qualquer à
espera do tempo certo para começar a viver novamente.
(- De mim, Para nós.)
Comentários
Enviar um comentário