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O erro em pessoa.
Sou errada. Dia sim dia sim, o espelho mostra o erro que sou, o quão desconcertada e trambolha e idiota, sou. Uma mulher errada, onde é que já se viu isto. Em parte nenhuma. Mas claro que da minha parte, tinha que o ser. Não dou um passo sem que tropece primeiro, não dou uma queda sem ir toda esmorrada primeiro, mesmo antes de ainda nem se quer ter tocado o joelho no chão. Não dou sim sem não, nem não sem sim. Dou talvez até confiar, ou desconfiar, erro sendo assim. Sou assim, errada. Bato com a cabeça, afogo-me em pensamentos, e esqueço-me de viver, esqueço-me de dar passadas aqui, no agora. Viajo muito de cabeça, enquanto o meu corpo fica no mesmo sítio, à espera que alguém o resgate e o leve para onde a minha alma foi. Burra! Sou tão errada que até irrita. Afasto, empurro, jogo fora, ponho longe, mando tudo ao ar, e perco. Perco tanto, perco muito, perco o que quero e o que não quero, se é que algum dia quis perder alguma coisa. Ou alguém. Sou errada dos pés à cabeça, da unha do pé até ao último fio de cabelo, e olhem que tenho muitos cabelos, e caracóis, e volume, por isso vejam o quão errada eu sou. Talvez tenha uma pontinha de qualidade neste meu feitio terrível. Talvez! O meu nome devia ser Terrível Errada de Oliveira. Era interessante e mais que isso era maravilhoso, o meu nome falar por mim e não ter que preparar as pessoas para o que vem aí quando me conhecem. Não ter que afastar no primeiro beijo, não ter que empurrar quando me abraça, não ter que sofrer quando me apaixono e a pessoa já não está. Era um nome interessante, e melhor!, era verdadeiro. Era a verdade em pessoa. E era mesmo! Sou tão errada, acho que nunca conheci ninguém tão errada quanto eu. Pessoas más, horríveis, sim, conheço todos os dias ou quase todos. Felizmente não são todos. Mas pessoas como eu? Não. Não há uma única que se assemelhe à errada que sou. Levo chapadas, e não aprendo. Caio e mesmo depois de estar em pé, lá vou eu toda contente cair de novo. Errando e nunca aprendendo. É este o maior erro. Crescer sem aprender, porque o coração é cego e parece que tem sempre espaço para sentir mais um bocadinho.
Mas, vai chegar o dia em que me levanto e quem vai cair, não vou ser eu. Nesse dia vou ser eu a estar a assistir a queda de cada um que julgou, apontou o dedo, e disse-me que não sem nunca ter tentado. Ou sem ter lutado. Sim, porque tentar é diferente de lutar. Aprendam. Eu já aprendi. Ao menos isso, aprendi.
Sou tão errada. Não seria eu se o erro não andasse de braço dado comigo.
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