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Põe-te nu para mim.
Quero-te despido para mim. Despido de medos, de receios e segredos. Quero-te completamente nu. Despe esse orgulho, essa pele que insistes em mostrar que é de lobo quando eu tão bem sei que não o é. Despe-te de vergonhas e capas, de máscaras que não são tuas nem tão perto se enquadram em ti. Não te custa tirar as roupas, que dificuldade terá tirares tudo o que não te faz falta? Tudo o que não te faz feliz, custa-te despir? Não tem que custar, e olha, eu estou aqui para te ajudar a ficares completamente nu. E espero que me ajudes a ficar tão nua quanto tu. Quero apenas vestir-me da pele que te ama e vestir uma pele qualquer que tu ames também. Eu sei que gostas da minha tal como ela é, mas vá lá, confessa que há aqui coisas que detestas. Despe-me delas. Despe-te. E num despir unido não escondemos o que sentimos porque só isso nos veste agora, o sentimento. Seja ele qual for, mas veste-nos. E veste-nos tão bem.
Quero-te despido para mim. Despido de pessoas que não prestam, despido de pessoas que não estão mais em ti. Despido de preconceitos e conceitos, defeitos. Quero-te apenas vestido desse feitio que eu tomei como o sendo, esquecendo então os tais defeitos que eu bem sei que tens. Despe-te de asneiras, de erros, despe-te de mentiras. Se queres errar, erra do meu lado. Se queres partir para a loucura, atirar-te de cabeça, esbarrar contra uma parede, cair, tropeçar, se queres magoar-te ou curar-te, deixa que eu esteja do teu lado. Deixa-me ser o que sou e conseguir ser mais ainda o que queres que seja. Tua. Queres isso, não queres? Despe-te da incerteza e dá-me a certeza que eu quero ouvir, seja ela qual for.
Nunca te disse, mas despir-te e ser despida por ti é das melhores sensações que alguém pode ter em vida. Seja lá o que a vida for.
Despe-te para mim e vem. Vem assim, nu e completamente cru de coisas pré pensadas e sentidas de maneira a vires preparado para seja que merda for. Não te quero assim, eu quero-te despido e desprevenido, vem sentir comigo, pensar aqui, sentir assim e ser feliz sendo assim. Não te quero pronto, porque o pronto é como se fosse o fim de qualquer coisa, o fim apenas. E eu não quero. Não quero! E tudo o que menos quero é esse pronto feio e que torna tudo tão desfeito. Se há um pronto que eu quero, é o pronto saído da tua boca de alívio por estares finalmente despido e pronto, pronto a amar-me, despido de tudo o que não te deixava amar.
Quero-te despido, para mim. Quero-te nu. Completamente nu para mim. Aceitas?
E olha, mesmo que não aceites, quero-te na mesma. E quero-te ainda mais.
Diz não ao pronto, despe-te e ponto.
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