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Com quatro letras e não é amor.
Um dia vou escrever um livro sobre sexo. Personagens de corpo despido, de mãos suadas, ou punhos presas com algemas a algum lugar que não seja a banal cama. O corpo destemido que pede prazer, ou que o dá sem antes o ter tido. Os pés a pressionarem o palco do desejo, do tesão, do orgasmo, do olhar safado que mesmo sem se ver faz-se por sentir. Sexo não é o que tem de ser, sexo é sim. Sexo não é não. Se é não, não é sexo. Um dia vou escrever um livro sobre o ato sexual que até as formiguinhas praticam, mas que nem todas as bocas (nem as mais porcas) falam e comentam. E porque? Porque é que se abrem para o assunto e não se abrem sobre o assunto? O medo de falar sobre o que dá prazer, é também o que o tira. Domina, e sê dominado. Deixa-te levar, e leva alguém. Na tua onda, no teu apego, na tua garra ferrada sem dó nem piedade. Um dia vou escrever um livro sobre sexo, e enche-lo de histórias minhas ou de qualquer outra pessoa de mente suficientemente aberta para o encher de histórias também suas. Páginas cheias do orgasmo daquela noite que pairou por um mês qualquer, páginas cheias de um homem e de uma mulher na posição mais louca e na posição mais normal, seja lá o que normalidade queira dizer na arte do sexo. Arte, talvez seja isso que o sexo é, uma autêntica obra de arte na qual qualquer um pode meter as mãos, os braços, o corpo, entregar-se de corpo e alma e ser, e fazer, e construir-se uma obra de arte, com alguém que pense exatamente da mesma maneira. Um dia vou escrever um livro sobre sexo, e o título não será outro que não Sexo, ou um nome qualquer que indique sem dúvidas o tema do mesmo. Linhas recheadas de prazer, sejam linhas porcas, sejam linhas românticas, mas que sejam linhas que causem vontade e desejo só de as ler, e que dê aquele pontapé no rabo a quem passa os olhos pelas linhas que escrevo, e que seja homem e mulher para arriscar-se e deixar que se risque, deixar-se ser e deixar que sejam, deixar que o sexo seja mais que uma palavra de quatro letras. Quatro letras que dizem tanto. Que gemem, que gritam, que esperneiam, que para um faz feliz, que para outros leva ao céu, que para uns atormenta com o medo de qualquer coisa e que para outros excita e apenas isso, excita. Sexo é isso. Perdes-te no tempo sem saber à quanto tempo estás assim. Corpo com corpo numa conversa sem erros e sem qualquer pontuação, e entendem-se tão bem. Uma mão ali, outra acolá, um beijo e outro e outro, e deixando que a língua vá brincando e seduzindo, conhecendo partes que levam a um desejo no limite, a uma vontade maior do que aquela que o próprio sexo já trás. Aumenta o batimento cardíaco, aumenta a respiração, aumenta o prazer, o tesão, aumenta a vontade e a vontade de aumentar seja o que for que esteja a acontecer. Um dia vou mesmo escrever arte em linhas tortas, controlando-me para não querer escrever no corpo de alguém. Um livro sobre sexo, porque não? Para alguns sabedoria, para outros apenas um recordar de prazeres idênticos. Sexo é sexo, não o confundam.
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