Desabafos com mais de cinco linhas.

Pergunto-me até onde pode ir a confusão de uma pessoa. Até que ponto pode a cabeça flutuar em ideias e perguntas, em quês e porquês, sem sentir a imensidão da loucura a tomar conta de nós? Começo a sentir-me afogada em tanto que não sei o que, nem sei de onde vem, e não sei porque me atormenta, afogada em tanto e tão pouco que só queria era não sentir-me assim, e sentir-me leve. Poder poisar a cabeça na almofada sem nada em que pensar, e poder acordar de coração cheio, porque a leveza toma conta de mim. Devia tomar. As preocupações que andam ao mesmo passo que eu, deviam ficar perdidas em algum lugar por aí, e todas as coisas que pairam em mim, deviam pairar num sitio onde eu não esteja, nem onde em nenhum momento queira estar. Sinto na pele a confusão do sim e do não, a incerteza e a certeza que não se sabe o que são. Deixar palavras por aí não me alivia, e pensei que atirando tudo ao ar podia também ir ao ar a confusão, as perguntas, tudo o que está em mim e que não deveria estar. Lançar ao mar as tempestades que ainda me rondam, que vivem na minha vida. Como se fosse possível fazê-lo. Como se fosse fácil atirar para trás das costas o que anda a dois passos à nossa frente. Que Deus me perdoe o medo e a falta de coragem, mas eu não consigo ter a força e a bravura que devia ter. E não falo de um ou outro momento, mas sim de todos de que a minha vida é feita. Devia ser de palavras afiadas, de punho firme, de regras e leis feitas, sem medo algum de as mandar ao mundo. Mas pelo contrário, sou de palavras a medo, de punho fechado escondido, de regras e leis que apenas são minhas e ninguém mais as conhece a não ser eu mesma e só eu. Queria saber amar dia sim dia não, como se faz hoje em dia. Queria saber ser o que essas pessoas armadas em gente fazem. E pela boca delas ouvir dizer que sou alguém. Porque pelo que sei e vejo, só as bocas que de nada têm de qualidade, é que no fundo sabem o que dizem. A minha confusão por certo não se compara à confusão de pessoas que essas são. E com isto, com o meu coração fraco e de porta fechada a injustiças e crueldades, perdi-me do desabafo com que dei inicio esta espécie de testamento, como lhe chamam aos textos com mais de cinco linhas. Trago em mim um rodopio de emoções, onde só pairam questões, duvidas, incertezas e certezas que já me fazem pensar a quantas ando, que já me perdi. Não sei o que o amanhã me traz, e também não sei o que o ontem me deixou. E na verdade ando perdida no hoje sem saber o que ele me oferece. Não guardo nada a não ser o que me move, não fosse isso amor. E é amor que move cada um, cada qual tal e qual como ele é. Como cada um é. Seja por algo, seja por alguém, seja até por dois alguém's mesmo que na minha cabeça só haja espaço para um alguém e eu só entenda o amor desse jeito. Confusões que me fazem andar aos trambolhões, onde já não sei quem sou, o que fui ou o que quero ser, apenas sabendo que quero continuar a ser movida por essa coisa que é tão forte a que se chama amor. E é tudo isto e ainda mais que não deixa que a minha cabeça caia na almofada e fique, tranquila e sentir-me finalmente vazia de tudo o que me enchia de nada. 

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