Pede e perde-te.
Corpo. Pede aquele que é teu mesmo sem o ser. Pede o teu que é tão teu e que ao mesmo tempo o perdes para alguém. Pede o corpo que vai, que fica, e aquele que queres que vá e fique, num vai e vem sem vontade definida. Pede o desejo, pede a certeza que perdes com o passar de mais um dia. Pede sem medo de pedir e quando perderes o medo, pede mais. Sempre mais, porque de menos ninguém vive. Esse tamanho da dúvida e da incerteza não serve a ninguém a não ser a quem as queira vestir. Que hajam costas para tapar o medo. Que hajam olhos tão grandes e mentes tão abertas, capazes de ver e perceber o que vale a pena. Perceber o corpo que merece as mãos por ele andando, tocando. O corpo que merece outro corpo junto dele. Aquele outro que na tua cabeça é só um e mais nenhum outro. Pede a voz a sussurrar, pede carinho, pede camas desfeitas, sejam elas quantas forem e onde estiverem. Pede o corpo assente em ti, e perde-te nele. Pede e perde. Conjuga-te nesse prazer que é feito de amor. Nesse presente cheio de qualquer coisa que te preenche, que te arranca o tempo das mãos, que te faz perder a cabeça. E perde-te. Pede a perda do corpo para o corpo de alguém, que já ele também se perdeu por ti. Rasga esse medo, esse querer que é não querer de um segundo para o outro, larga esse trampolim de vontades tão cheias e tão vazias, de corpos pesados e largos de nada terem no de repente do tempo malandro. E pede. O que era a vida sem um constante pedir de qualquer coisa?
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