E o palavrão é amor.

Foda-se o poetismo e o secretismo. Foda-se a alma negra, e a vontade esquecida. Foda-se a saudade, e a amargura de a sentir. Foda-se o vazio, a falta, o nada que fica, que vai e volta, sem nada que fique de vez. Foda-se o amor e todas as merdas dele. Foda-se o coração, o que ele quer, o que ele nos faz querer sem querer. Foda-se tudo, tanta coisa e tão pouco, o que é, o que não é, o desejo de ser e ter, de agarrar, de pegar, de esfarrapar o corpo e a alma, de despir e ser despido. Foda-se o amor, o sexo, a cama vazia e tão cheia, os copos de vinho tinto, os ramos de flores. Fodam-se as mágoas, as lágrimas caídas e que ninguém as quer segurar, as pernas tremidas e as mãos desfeitas. Foda-se e um foda-se bem grande para quem diz que ama quando nunca soube o que é amar. Foda-se! Foda-se para quem não quer quem o quer, para quem perde por estupidez, para quem desperdiça, para quem dorme nas horas de solidão de alguém, para quem acorda quando a paz chega ao coração de alguém e ninguém. Foda-se para quem vai, para quem não quer ficar e para quem vem na vontade de ir. Fodam-se as feridas e quem as abre, as mágoas que ficam, que ninguém se importa, que ninguém cuida, que ninguém quer cuidar. Foda-se a parede manchada de memórias de uma noite, o chão pisado por alguém que não volta mais. Foda-se aquele que só quer o corpo, quando o outro quer a alma. 
Foda-se o mundo e os seus corpos nus e crus, tão frios e vazios.
Foda-se o amor que falta e a falta que ele faz. 

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