Perdas e ganhos.


Perdi e ganhei. O medo do amor. O medo constante de me apaixonar, de sentir outro corpo colado ao meu, outro corpo que não o meu. O medo da mão pegada à minha, dos lábios a quererem tocar-se. O medo de amar, de voltar a amar, de voltar a sentir esse saco cheio de coisas que o amor faz sentir.
Perdi e ganhei. Ganhei vida. Vida e medo. A dor foi-se, ou se não foi devia ter ido. O medo ficou, esse com garras afiadas, de pé a bater no chão, e agarrado a mim, esse ficou. O medo de voltar a encher-me de lágrimas por alguém, seja que alguém for. O medo do agora sim e do agora não. O medo de ter e não ter, de ser alvo de certezas que não são certas, ou de ser a mulher que é "amada" por uma noite, desejada por umas horas. O medo de de ser apenas alguém, e não mais que isso.
Perdi e ganhei. No fundo, ganhei-me. Inteira, com as marcas que ficaram, que foram ficando, que ainda ficam. Cheia de tudo e tudo tão vazio, acabado perdido no tempo. Memórias do que me fez, que me foi feito, do que ainda hoje me faz ser. Do que se fez. E o medo do que possa ainda vir a ser, e a ser feito.
Perdi e ganhei. Que agora perca esse medo de amar. E que ganhe amor por mim. De coração cheio, todos os dias.
E que assim seja uma vida.
A minha vida.

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